quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um capítulo extra de As Jóias de Symb


Nanuk estava a tanto tempo em Radjak que já nem contava mais... semanas, meses, anos, não importa quanto tempo passasse, Radjak se mantinha imutavelmente gélida.
Ela havia se acostumado com o frio do lugar, na verdade agora até gostava. Aprendeu a ver a grande beleza daquele planeta de sol negro.
Os feiticeiros eram um povo estranho, nada amigável e em nada se pareciam com ela, mas o apredizado que eles lhe proporcionavam saciavam sua fome de saber, e as coisas eram bonitas também no escuro. Por vezes Nanuk ficava observando Milla em comunhão perfeita com seu mundo, seu rosto pálido e olhos grandes, tudo perfeitamente desenhado pra sobreviver àquele local e Nanuk sentia-se mudando também.
Viver ali não parecia tão ruim, era acostumável, contanto que houvesse sempre algo pra fazer dava pra ser feliz. Como sempre acontece quando há tempo e distância, as lembranças foram se apagando e o inesquecível perdia seus detalhes a cada dia-noite que se passava. Cheiros, cores e sabores do passado já não rondavam-lhe a cabeça o tempo todo, deram lugar a novos cheiros, novas cores, novos sabores. Isso fazia a saudade diminuir, não doer tanto, e Nanuk passou a acreditar que poderia viver sem o que antes a faia tão bem, talvez fosse até melhor.
Nos raros momentos de lucidez Nanuk lembrava, lembrava e chorava pedacinhos de prata que a faziam sentir saudades, cortantes e insuportáveis. Lembranças dos amigos, das companhias, do calor e de seu amado, lembranças que as matavam amargando-lhe a garganta com a propria bilis.
Então ela decidiu não mais lembrar e apenas seguir. Não sabia mais quando voltaria e se voltaria, não sabia oq fazer e nem oq devia deixar de fazer.
Vivia apática, no nada, guiada pela força maior do tempo, aguardando algo que a fizesse se mover, pois já não tinha mais forças pra mover a si propria.
De todos os perigos enfrentados em Radjak esse era sem dúvidas o pior. Não se tratava de algo externo q se podia vencer por estratégia, mas de seus maiores medos vindo a tona diariamente em função do nada em q se mantinha.
E a ela, só restava esperar, admirar e aprender a viver bem no lugar em que estava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário